sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Retomada


Deixando a preguiça de lado, os demais afazeres também e retornando como um bom filho pródigo à essa, que foi minha primeira casa. No caso, meu primeiro blog. Quando o iniciei, minha ideia era transformá-lo num painel atualizado sobre o mundo das bibliotecas escolares e tudo o que diz respeito à educação. Serviria também de expositor de sugestões de leitura, uma vez que leio e recebo sempre novidades da área. Comecei com muito brilho no olhar, expectativa de interatividade e troca de experiências entre o meio das bibliotecas escolares, professores e demais profissionais que interage com a educação. Aos poucos, fui caindo na real de nossa realidade. Poucas ou quase nenhuma biblioteca, profissionais que não demonstram interesse por essa plataforma ou pela própria área. Todos muito focados em seus mundinhos. E nisso, faço minha mea culpa e me incluo.
Não sou nem nunca fui melhor que ninguém. Nem uma excelente profissional cheguei a ser nesses quase vinte e cinco anos de profissão. Sou bem medíocre pra falar a verdade. Fui pouco a pouco me acomodando na rotina dos afazeres aqui na biblioteca em que trabalho e hoje, sou uma pálida imagem do que sonhava ser ao me formar. Tudo o que exponho aqui, não é um desabafo e lamento de alguém que se sente fracassada. É um relato de fatos que não tenho como corroborar. Mas acho válido discutir aqui o que venho sentindo nesses anos.
Na realidade, a biblioteca nada mais é do que reflexo da Educação em nosso país. Eu ainda me sinto privilegiada em poder atuar numa biblioteca espaçosa, com um acervo rico e diversificado, poder trabalhar numa sala moderna com recursos tecnológicos de última geração. O que não acontece com a maioria dos profissionais que lutam diariamente para conseguir merrecas de investimento das suas escolas e contar com a mendicância de doações em forma de lixo com livros usados, rasgados,fétidos. Isso quando recebem doações.
A realidade de nossas biblioteca brasileiras são de uma tristeza sem fim. E bibliotecas escolares então, mesmo após o decreto de Lei 12.244, que exige uma em cada escola, é de sentar e chorar.
O blog ficou estagnado por longo tempo. Pensei inclusive, em apagá-lo. Mas, qual mãe tem a coragem de matar seu rebento mesmo que esse venha defeituoso e não tenha como sobreviver? Simplesmente não tive coragem de acabar com ele. Então, só me restou deixá-lo dormindo por tempo indefinido.
O atual momento político e econômico que vivemos trouxe ventos de retrocesso que muito me preocupa. A educação que sempre foi negligenciada por todos os governos deu pulos gigantescos para trás com as verbas congeladas por vinte anos. Então eu pergunto: O que fazer diante desse fato? Bater de frente indo às ruas e tomar cacetadas da polícia? Perder a visão por conta de balas de borracha ou por bombas? Perder de vez a dignidade conquistada a tão duras penas? Jogar fora um trabalho tão bonito que é a formação de cidadãos dignos e fortalecidos pela boa educação? E a biblioteca nisso tudo? Onde e qual é seu papel? O bibliotecário, esse profissional que, assim como o professor, sempre tão menosprezado pela sociedade, o que deve fazer? Continuar invisível para sobreviver ou se munir de audácia e fazer acontecer?
Como você leitor que ainda arrisca um olhar nesse blog pode constatar, não trouxe soluções mas sim, muitas indagações, muitas questões levantadas para juntos, discutirmos e encontrarmos algumas soluções para essa problemática. À partir de hoje, trarei para cá, sempre algumas reflexões minhas e de outros profissionais que encontrar por esse imenso universo chamado mundo digital. Vamos tentar, de alguma forma, movimentar nossas mentes em busca de melhorias. Para isso, conto com sua participação através de comentários. Vamos agitar?

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