sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Manifesto da IFLA/UNESCO para Bibliotecas escolares

Esse texto já deve ser do conhecimento da maioria dos profissionais da área mas é sempre bom reler. Encontrei-o recentemente na Revista ExtraLibris e quis compartilhar com todos por aqui.
A biblioteca escolar proporciona informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade actual, baseada na informação e no conhecimento. A biblioteca escolar desenvolve nos estudantes competências para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis.Manifesto da IFLA/UNESCO para Bibliotecas Escolares
A biblioteca escolar proporciona informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade actual, baseada na informação e no conhecimento. A biblioteca escolar desenvolve nos estudantes competências para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis.

Missão da Biblioteca Escolar

A biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. As bibliotecas escolares articulam-se com as redes de informação e de bibliotecas de acordo com os princípios do Manifesto da Biblioteca Pública da UNESCO.
O pessoal da biblioteca apoia a utilização de livros e outras fontes de informação, desde obras de ficção a documentários, impressas ou electrónicas, presenciais ou remotas. Os materiais complementam e enriquecem os manuais escolares, materiais e metodologias de ensino.
Está comprovado que quando os bibliotecários e os professores trabalham em conjunto, os estudantes alcançam níveis mais elevados de literacia leitura, aprendizagem, resolução de problemas e competências no domínio das tecnologias de informação e comunicação.
As bibliotecas escolares devem disponibilizar os seus serviços de igual modo a todos os membros da comunidade escolar, independentemente da idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua e estatuto profissional ousocial. Aos utilizadores que, por qualquer razão, não possam utilizar os serviços e materiais comuns na biblioteca, devem ser disponibilizados serviços e materiais específicos.
O acesso aos serviços e colecções deve orientar-se pela Declaração Universal dos Direitos e Liberdades do Homem das Nações Unidas e não deverá ser sujeito a nenhuma forma de censura ideológica, política oureligiosa ou a pressões comerciais.

Financiamento, legislação e redes

A biblioteca escolar é essencial a qualquer estratégia de longo prazo nos domínios da literacia, educação, informação e desenvolvimento económico, social e cultural. Sendo da responsabilidade das autoridades locais,regionais ou nacionais, a biblioteca escolar deve ser apoiada por legislação e políticas específicas. As bibliotecas escolares devem possuir meios adequados para assegurar a existência de pessoal com formação, materiais,tecnologias e equipamentos e ser de utilização gratuita.
A biblioteca escolar é um parceiro essencial das redes local, regional e nacional de bibliotecas e de informação.Sempre que a biblioteca escolar partilhe equipamentos e/ou recursos com outro tipo de biblioteca, designadamente com a biblioteca pública, os objectivos únicos da biblioteca escolar devem ser reconhecidos e mantidos.

Objectivos da biblioteca escolar

A biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo. Os objectivos seguintes são essenciais ao desenvolvimento da literacia, das competências de informação, do ensino, da aprendizagem e da cultura ecorrespondem a serviços básicos da biblioteca escolar:
• Apoiar e promover os objectivos educativos delineados de acordo com as finalidades e curriculum da escola;• Desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem, e também da utilização das bibliotecas ao longo da vida;• Proporcionar oportunidades de produção e utilização de informação para o conhecimento, compreensão, imaginação e divertimento;• Apoiar os estudantes na aprendizagem e prática de capacidades de avaliação e utilização da informação, independentemente da natureza, suporte ou meio, usando de sensibilidade relativamente aos modosde comunicação de cada comunidade;• Providenciar acesso aos recursos locais, regionais, nacionais e globais e às oportunidades que exponham os estudantes a ideias, experiências e opiniões diversificadas;• Organizar actividades que favoreçam a tomada de consciência cultural e social e a sensibilidade;• Trabalhar com os estudantes, professores, administradores e pais de modo a alcançar as finalidades da escola;• Defender a ideia de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são essenciais à construção de uma cidadania efectiva e responsável e à participação na democracia;• Promover a leitura e os recursos e serviços da biblioteca escolar junto da comunidade escolar e do meio.A biblioteca escolar cumpre estas funções desenvolvendo políticas e serviços, seleccionando e adquirindo recursos, proporcionando acesso físico e intelectual a fontes de informação apropriadas, disponibilizandoequipamentos educativos e dispondo de pessoal treinado.

Pessoal

O bibliotecário escolar é o elemento do corpo docente profissionalmente habilitado, responsável pelo planeamento e gestão da biblioteca escolar. É apoiado por um equipa tão adequada quanto possível, trabalhando em conjunto com todos os membros da comunidade escolar e em ligação com a biblioteca pública e outras.
O papel dos bibliotecários escolares varia consoante o orçamento, curriculum e metodologias de ensino das escolas, de acordo com o quadro legal e financeiro nacional. Em termos específicos, existem grandes áreas deconhecimento que são vitais se os bibliotecários escolares desejarem desenvolver serviços efectivos nas bibliotecas escolares: gestão de recursos, gestão de bibliotecas e de informação e ensino.
Num ambiente cada vez mais integrado pelas redes de informação, os bibliotecários escolares devem possuir competências para planear e ensinar diferentes habilidades no tratamento da informação tanto a professores comoa estudantes. Devem, por conseguinte, prosseguir a sua formação e desenvolvimento profissionais.

Funcionamento e Gestão

Para garantir a eficácia e avaliação dos serviços:
• A política de serviços da biblioteca escolar deve ser formulada de modo a definir objectivos, prioridades e serviços em articulação com o curriculum escolar;• A biblioteca escolar deve ser organizada e mantida de acordo com standards profissionais;• Os serviços devem ser acessíveis a todos os membros da comunidade escolar e funcionar dentro do contexto da comunidade local;• A cooperação com professores, gestores escolares experientes, administradores, pais, outros bibliotecários e profissionais de informação, e grupos da comunidade deve ser estimulada.

Aplicação do Manifesto

Os governos, por intermédio dos seus ministros da educação, são convidados a desenvolver estratégias, políticas e planos que implementem os princípios deste Manifesto. Estes planos devem prever a divulgação do Manifesto nosprogramas de formação inicial e contínua de bibliotecários e de professores. Incentivam-se todos os decisores a nível local e nacional e a comunidade de bibliotecários em todo o mundo a aplicar os princípios deste Manifesto.
O Manifesto foi preparado pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Bibliotecas e aprovado pela UNESCO na sua Conferência Geral em Novembro de 1999.

Prêmio Biblioteconomia Laura Russo 2007

O Conselho Regional de Biblioteconomia - 8ª Região Estado de São Paulo promove hoje a cerimônia de entrega do "VII Prêmio Biblioteconomia Paulista Laura Russo". Além da entrega dos prêmios, haverá a palestra "Criatividade: ativando o melhor do seu Capital Intelectual" com o Prof. Rui Santo, Consultor da Terra Fórum, especializado no desenvolvimento da capacidade criativa e inovação.
Data: 30 de novembro de 2007Local: Auditório do Museu de Arte de São Paulo - MASPEndereço: Av. Paulista, 1.578 - São Paulo - SPHorário: 19h00
Após o evento será servido coquetel.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Retratos

Indexando a revista Educação do mês de novembro, deparei-me com uma notícia que tem tudo a ver com o que acabo de falar abaixo e não poderia deixar de divulgar isso. É extremamente alarmante e não é nenhuma novidade contudo, é algo que me toca e cada vez mais penso no que posso fazer para melhorar esse quadro:
Realizada e divulgada pela Fundação Volkswagen em meados de outubro, a pesquisa "Retratos do Ensino Fundamental: 6º ao 9º Ano" trouxe à tona números alarmantes para a educação de São Paulo. Exemplo: aproximadamente 33,11% dos alunos chegam à 6ª série sem saber ler e 28,6% sem saber escrever. Entre os que sabem ler, 59,44% não entendem o que está escrito, e 71% escrevem textos com problemas de conteúdo, ortografia, gramática e caligrafia.
Para chegar aos dados, a Fundação ouviu mais de 600 professores, além de gestores, pais e alunos.
Outra deficiência encontrada pela pesquisa diz respeito à estrutura das escolas. Com base em dados da Edudata Brasil, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais Anísio Teixeira (Inep), a pesquisa revela que metade das escolas de ciclo dois do Fundamental não dispõe de biblioteca ou de quadra de esportes. Entre outras informações, descobriu-se também que 75% dos colégios não têm laboratório de ciências, 70% não têm sala de TV e vídeo e somente 36,29% têm laboratório de Informática. A pesquisa foi entregue à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Maiores informações sobre essa Fundação e suas pesquisas e projetos acesse o seguinte endereço: http://www.vw.com.br/fundacaovw/

Leitura sempre

Leitura sempre fez parte de minha vida desde pequena. Umas das lembranças mais antigas que guardo, é de meu pai, um homem simples que estudou até a 3ª série primária e que sempre trabalhou como pedreiro, chegar ao final da tarde em casa e após o banho e o jantar se reunir com a família para ler gibis. Foi através dessa atitude dele que gostava de mostrar as ilustrações para nós crianças, e lendo as histórias, aos poucos, fui me encantando com o mundo dos livros e da leitura. Através dessa pequena introdução que disponibilizo abaixo um texto sobre leitura que li e gostei demais.




Por que ler para os filhos?
Rosemeire Alves Lourenço

"O objetivo de uma escola sempre foi formar cidadãos capazes de ‘ler o mundo’, produzindo discursos orais ou escritos, adequados a diferentes situações..."
Mas ter em casa futuros leitores, implica em ir além dessa concepção. A leitura há muito deixou de ser uma simples prática escolar para transformar-se em um processo desencadeado pela necessidade de "leitura de mundo" o qual deve ser iniciado desde a mais tenra idade, ou seja, no seio da família.
Pesquisas mostram que, até os dois anos de vida, o desenvolvimento do cérebro ocorre num ritmo bem acelerado. Podemos concluir que tudo o que for feito nesse período, como conversar, cantar, demonstrar carinho, ler, entre outras coisas, será crucial para o desenvolvimento saudável da criança.
Ler para os filhos também é importante fonte de prazer pois, ao mesmo tempo que oferecemos algo valioso para as crianças (a nossa presença), lhes brindamos com a possibilidade de "viajar" pelo mundo pelas páginas de um livro. Assim, desde pequenos, associarão leitura a momentos prazerosos, o que funcionará durante os primeiros anos de vida mais ou menos como uma "propaganda para a mente".
Os pais que estimulam a leitura ensinam os filhos a reconhecer o ambiente em que vivem e a desenvolver atitudes que os influenciarão durante a vida adulta, como confiança, respeito mútuo e compreensão.
Leituras saudáveis produzem leitores seletivos diante da avalanche de informações, e-mails, programas de TV, notícias etc. do mundo contemporâneo, ao mesmo tempo que expõem as crianças a sentenças complexas e bem estruturadas, forma positiva de ensiná-las a se expressarem bem, tanto no falar quanto no escrever.
Preparar leitores implica ainda na consideração de alguns pontos essenciais como ler para a criança sem pressioná-la; manter uma atmosfera agradável de cordialidade, descontração e informalidade; saber quando parar de ler, pois cada criança tem seu tempo de concentração; criar expectativas antes de virar a página de um livro com gravuras; dar ênfase à leitura com expressões, gestos, mudança na entonação da voz para dar vida à estória; fazer com que a criança interaja com a leitura; pausar em determinados intervalos perguntando e estimulando a criança a formular respostas bem elaboradas; selecionar livros que transmitam mensagens positivas, estimulantes e que levem à reflexão; procurar sempre locais e momentos calmos.
A atenção a esses lembretes aliada ao bom exemplo dos pais quanto à leitura trarão benefícios vitalícios para todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem de uma criança.
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terça-feira, 27 de novembro de 2007

É nossa luta!

Apoio às bibliotecas escolares

Compareça no dia 28/11, às 14h30min, na audiência com a secretária de Educação
No próximo dia 28/11, às 14h30min no plenário Tiradentes, localizado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo - ALESP, será realizado a audiência pública com a Secretária de Estado da Educação, organizado pela Comissão de Educação da ALESP.
O CRB-8, por meio de sua Comissão de Educação e Biblioteca Escolar, espera contar com a participação de Bibliotecários e Estudantes de Biblioteconomia (e outros simpatizantes à causa) para pressionar o poder público sobre a questão da Biblioteca e do Bibliotecário Escolar no ensino público estadual.
A presença de Bibliotecários e de Estudantes de Biblioteconomia é importante para se fazer visível entre as várias outras categorias presentes a audiência. Uma ação coletiva de pressão por melhoria na Educação Pública de São Paulo. Educação sem Informação não consolida a Cidadania.
Obs: favor divulgar o evento e o convite de participação entre os seusn contatos. Se for, levar um apito e mais o grito de indignação contra o abandono e o menosprezo para com a biblioteca escolar e a exclusão do bibliotecário da rede de ensino público.
Grato.

Prof. Fernando Modesto

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ainda sobre o mesmo tema

Falei tanto que me esqueci de falar sobre essa informação que eu também não conhecia. Não tinha conhecimento de quando surgiu a idéia de se comemorar essa data e daí, navegando como sempre faço, me deparei com essa informação num blog e tomei a liberdade de colocar aqui também.
O Dia Internacional da Biblioteca Escolar é celebrado todos os anos no 4ª segunda-feira de Outubro. Foi comemorado pela primeira vez a 18 de Outubro de 1999.

Este ano o tema abordado foi: "Aprender mais e melhor na Biblioteca Escolar"
E como costumo sempre buscar novidades sobre o assunto, eis que me deparo com um site português que já é um velho conhecido meu desde o ano passado quando fui até Lisboa para participar de um congresso sobre bibliotecas escolares: Rede de Bibliotecas Escolares. Adorei o trabalho desenvolvido por esse pessoal e sempre que posso, dou uma olhada nas novidades que ocorrem por lá, nas terras de Camões. Este é um cartaz da IASL dedicado ao Dia Internacional da Biblioteca Escolar com o slogan em português: APRENDER mais e melhor na Biblioteca Escolar
Olha só que graça o castaz desenvolvido por uma escola para representar o tema desse ano! Lindinho não?

Dia Internacional da Biblioteca Escolar - Estou atrasada!



Sei que estou começando somente agora meu blog mas, que esquecimento Meu Deus! Trabalho em uma biblioteca escolar e me esqueci completamente dessa data tão importante! Bom, sempre há tempo para se reparar. E aqui, após uma pesquisa pelo Santo Google, verifiquei que a data foi comemorada e muito lá fora! Palestras sobre temas ligados a biblioteca escolar e sua importância no aprendizado, comemorações...e aqui? Nada registrado. Pelo menos, não encontrei nada que tivesse relevância. Triste realidade a nossa! O país sofre de um problema seríssimo com relação a cultura e a educação é algo que agoniza já há algum tempo e bibliotecas escolares então, nossa é coisa rara nas escolas principalmente as públicas. Algumas escolas particulares já possuem bibliotecas com um acervo rico, salas amplas, atividades voltadas para a aprendizagem das crianças, salas de conto mas infelizmente, os profissionais que administram essas bibliotecas nem sempre estão habilitados para cuidarem delas. Veja bem, não estou aqui generalizando pois sei e conheço muitas bibliotecas escolares que possuem equipes bem treinadas e com profissionais que realmente amam o que fazem. Mas não é desses profissionais que eu falo. Não desmerecendo aquelas professoras que se encontram em licença e que passam a trabalhar numa biblioteca mas, é que a profissional formada em biblioteconomia tem uma visão diferenciada de outras pessoas. Já vi casos de professoras desenvolverem trabalhos belíssimos mas aqui estou expondo aquelas pessoas amargas, de mal com a vida, sem cultura nenhuma e que passam as horas na biblioteca sempre resmungando, ralhando com os alunos, não permitindo que se façam nada, nem mesmo emprestar um livro ou desenvolver uma simples pesquisa escolar. Infelizmente tive algumas experiências com pessoas que achavam que biblioteca escolar tem que ficar vazia, com livros desatualizados e mofando nas prateleiras, e que lugar de aluno é somente na sala de aula. Bom isso foi apenas um pequeno desabafo. Abordarei esse temas mais pra frente pois sempre será um tema inesgotável.
Mas aqui deixo os meus parabéns a todos que labutam diariamente numa biblioteca escolar e também a todos os profissionais que acreditam na força desse espaço educacional e cultural como mais um instrumento valioso na aprendizagem e formação das crianças e dos jovens.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A necessidade de um maior engajamento social do profissional da informação

Resumo

O envolvimento do profissional da informação nas atividades sociais buscando uma maior integração na formação de leitores e criação de bibliotecas públicas para suprir a necessidade de uma sociedade mais informada e melhor capacitada.

Introdução

A área biblioteconômica da mesma maneira que o próprio país, recebeu uma herança cheia de ranços e maus hábitos que sempre causou um entrave em seu desenvolvimento. Desenvolvimento esse, que nunca conseguiu acompanhar os demais países que já têm uma política mais clara e objetiva.
Nossa área sempre se preocupou em formar, de início, “moçoilas” prestes a se casar, com uma boa formação cultural, em bibliotecárias que pudessem cuidar de um acervo de livros mantendo-os limpos, conservados e com uma excelente ficha técnica de todos eles.
Através dos anos, décadas, essas profissionais (uma vez que a maioria era do sexo feminino) seguiram uma linha em que se especializavam em desenvolver um perfil técnico próximo da perfeição, porém, bem distantes do universo dos usuários e de suas reais necessidades.
As bibliotecas em nosso país (as poucas que abriram e se mantiveram) sempre tiveram como política privilegiar mais a parte técnica que o contato profissional/usuário. Afinal, era tido como uma lei geral, o usuário se adequar aos regulamentos de uma biblioteca do que a biblioteca estudar o perfil de sua comunidade e suas reais necessidades e, baseadas nesse levantamento, estabelecer uma política voltada para eles. E, é baseado nessa observação, que esse trabalho se espelha para fazer uma reflexão da importância desse profissional se “especializar” no setor humano e procurar se aproximar das comunidades (principalmente das carentes) que mais precisam de nossa intervenção.

Em busca de um novo profissional

Desde a década de 80, mais ou menos, que esse profissional vem mudando sua forma de pensar, até mesmo porque o panorama mundial em que estamos inseridos exige uma nova postura profissional. O advento da informática mudou e muito esse mundo biblioteconômico. E hoje, o que mais importa é acesso a informação e as várias ferramentas para se chegar a elas. Vivemos em um mundo saturado de informação e, se não soubermos disponibilizá-las de forma lógica e coerente, não serve.
Todavia, apesar de sabermos tudo isso, ainda são poucas as bibliotecas em nosso país e mesmo essas existentes, não acompanham essa evolução.
Ainda permanece em grande parte delas esparramadas por esse enorme Brasil, pessoas não qualificadas para administrá-las e, na maioria, profissionais desviados de sua real função, apenas seguindo uma rotina de empréstimo/devolução sem nenhum interesse em melhorar os serviços prestados por essa instituição. Os profissionais da área, que são bacharelados e até com alguma especialização, também mantêm uma postura acomodada seguindo uma rotina de trabalho sem nenhuma outra inovação no seu dia-a-dia.
E mais uma vez o usuário dessas bibliotecas se vêm abandonados e relegados a segundo plano.
Mas hoje, vemos apontar no horizonte um átimo de esperança de que isso possa, a longo ou médio prazo, se modificar para melhor. A própria sociedade brasileira lentamente tem sentido que é imprescindível mudar. E isso, é claro, tem-se refletido no profissional e já tem-se visto vários profissionais criando projetos que têm contribuído para modificar esse cenário. Em vários Estados temos informação de que pessoas das mais variadas formação estão desenvolvendo projetos de incentivo as leituras, e criado bibliotecas (circulantes, móveis etc) levando às populações carentes essa preciosidade que é o livro e seu universo que transforma o ser humano que passa a ter contato permanente com ele. Mas, para tristeza nossa, são pouquíssimos bibliotecários engajados nesses projetos sociais.
Nos deparamos com sociólogos, pedagogos, médicos, publicitários e até pessoas humildes sem nenhuma formação acadêmica mas, que já trazem dentro de si, a consciência crítica e política de que se deve ter um comprometimento social com os menos favorecidos. Exemplos como o daquele pedreiro que montou uma biblioteca em sua comunidade, daquele rapaz que criou uma biblioteca em uma favela da zona sul de São Paulo e de tantos outros exemplos espalhados por esse país. E mais uma vez surge a pergunta que não quer se calar: e o bibliotecário? Cadê esse profissional que por mérito e especialização, deveria encabeçar a maioria desses projetos e que, quase nunca é visto nos locais que mais carecem de sua intervenção?
Atualmente muito se tem falado em consciência social. O terceiro setor tem crescido de forma surpreendente, contudo, ainda está longe do ideal. Mais e mais empresas estão despertando para a necessidade de participar de projetos sociais em todo o país e, o fato desse afastamento e até de certa falta de consciência social dos bibliotecários, além de contribuir para uma imagem negativa da profissão, tem dado margem para que outros profissionais de outras áreas tomem a dianteira de grandes e prósperos projetos passando assim, uma conotação negativa de que nossa profissão está para se extinguir e de que não somos importantes para a sociedade.
Vemos hoje, muitas bibliotecas tendo a sua frente, profissionais de outras áreas desempenhando atividades que deveriam ser de nossa alçada. Vários projetos do governo de apoio e incentivo a leitura dirigidos por professores, jornalistas e quase sempre, nenhum bibliotecário. Mesmo na política, falta um representante nosso para defender nossos interesses e alguém para mostrar a importância de se preservar e respeitar o profissional da informação. Grande parte da população até desconhece a formação de nível superior do bibliotecário afinal, para só emprestar e guardar livros nas estantes, pra que estudar tanto? Por que a classe não se mobiliza para fazer chegar a população, o verdadeiro papel do bibliotecário e de sua importância para a sociedade?
Todas essas questões fazem parte de uma minoria que tem sentido que é preciso mudar seu perfil profissional e, já desponta uma geração de profissionais que têm tido essa preocupação social. Vários jovens bibliotecários têm encabeçado trabalhos sociais em escolas carentes, em bairros de periferia e aos poucos essa realidade está mudando. É claro que, como verdadeiras formiguinhas, são trabalhadores de bastidores que quase sempre, trabalham de forma anônima, mas fazem a grande diferença por onde passam. Levam organização, informação, conceitos à todos aqueles que não foram privilegiados com bons estudos e uma formação acadêmica. E, esse é o grande diferencial desse transformador social. Afinal, o bibliotecário do futuro terá justamente esse perfil: não mais o técnico, o amante de livros, aquele que se fecha em sua sala confortável e se isola do resto da humanidade e de seus problemas. Esse novo bibliotecário deixa as salas de suas bibliotecas e saem às ruas dos bairros periféricos buscando conhecer a comunidade e suas carências. Voltando para suas salas, estudando formas de levar a essa comunidade orientações, informações, novidades suprindo assim, a falta de formação acadêmica da grande maioria, preparando-os para viverem melhor, preparando-os para o mercado de trabalho entre outras informações.
As faculdades de biblioteconomia também precisam acordar para a necessidade de implantar no seu currículo, a conscientização desse futuro bibliotecário de sua importância na sociedade como profissional transformador.
Apesar de observarem-se todos esses pontos “negativos” em grande parcela dos bibliotecários atuantes, é importante que se deixe bem claro que toda essa reflexão feita por um profissional da área, na realidade não se trata de uma crítica ferrenha aos colegas de trabalho, mas, na realidade uma “mea culpa” e uma constatação através de estudos, leituras e observação do quadro profissional e que isso, não deve ser encarado como algo feito para atacar nem ofender ninguém em especial mas, acima de tudo, servir de tomada de consciência de nosso papel social frente a essas mudanças que estão ocorrendo, mesmo que lentamente e quase invisível, em nossa sociedade.
Afinal é tempo de mudança, mudança requer coragem e ação, ação requer movimento e nós fazemos parte desse todo. Não dá para continuar fingindo que não é de nossa conta.

Vamos arregaçar as mangas e trabalhar!

Pois é exatamente isso que costumamos fazer dentro de uma biblioteca. Ao contrário do que muitos pensam, trabalha-se muito dentro de uma biblioteca e numa escolar então, nem se fala.
Mas vamos do início: Sou bibliotecária escolar desde 1998 mas já vinha trabalhando em biblioteca escolar desde 1991. O que começou como algo temporário até arranjar algo melhor tornou-se uma grande e agradável paixão. Lidar diariamente com a informação, trabalhar com todas as áreas do conhecimento humano é algo fascinante e, para se trabalhar numa biblioteca escolar tem que ter um perfil específico e, acima de tudo, ter sido mordida pelo mosquito da curiosidade e da vontade de eternamente aprender. Isso faz o grande diferencial e, é claro, gostar de lidar com pessoas afinal, interagimos constantemente com professores, orientadores, assistentes, alunos, pais de alunos e por aí afora. Se não gostarmos de vivenciar esse cotidiano procurando manter o jogo de cintura para as mais diversas situações e se não tivermos amor pelo ser humano, então é melhor mudarmos de profissão. Mas, vamos parando por hora pois ainda teremos muitos textos, pensamentos, críticas, elogios e muita, mas muita informação não somente sobre o universo das bibliotecas escolares mas sobre todos os assuntos relacionados com ela: livros, leitura, educação, tecnologia da informação, bibliotecários, bibliotecas....e muito mais. Conto com a visita de todos os que se interessarem por esses assuntos e aguardarei sempre com muito carinho seus comentários. Abro aqui as portas da minha biblioteca e sejam todos muito bem vindos!