quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Um pouco sobre literatura juvenil

Há algum tempo que desejo falar sobre literatura juvenil e tenho lido nesses meus 12 anos de profissão muitos livros bons. A literatura juvenil subiu em meu conceito nos últimos tempos pois tem surgido livros interessantíssimos não só para o público jovem, mas para todos que gostam de uma boa literatura. Trabalhando em biblioteca escolar desde a década de noventa, acabei tendo um contato muito próximo com esse universo juvenil e observei o quanto os professores e as escolas se equivocam ao selecionar os livros adotados se preocupando mais com o que é clássico, o que é considerado uma boa literatura e deixando de lado o universo do pré-adolescente. Vou expor aqui um ponto de vista pessoal. Pode ser que esteja completamente errada em meu modo de enxergar a situação mas, o que se passa e tentam "enfiar goela abaixo" dos jovens são livros muito distantes de suas realidades. Outro ponto que observo é que também não respeitam a bagagem cultural que a maioria desses jovens ainda não possuem. Tudo isso faz com que os alunos achem o universo desses autores conhecidos como clássicos como algo chato, desinteressante, complicado e entediante. Já fui criança um dia e também já fui adolescente e, se bem me lembro, os títulos que meus professores me passavam na época para ler nada tinham a ver comigo e sempre lia de forma forçada. Arrê! Que chato!! Daí, fiquei um bom tempo distante de livros pois os achava entediante e acreditava que tinha coisas mais interessantes para descobrir e fazer. É claro que aos poucos, amadurecendo e formando minha bagagem pessoal de cultura, voltei a ter meu foco de interesse em livros. Só que agora tinha um diferencial: eu os escolhia. Pouco a pouco fui conhecendo autores, obras, fui diversificando os gêneros e, claro fui seduzida pelo mundo das palavras. Através de minhas experiências, hoje vou sugerir a leitura de alguns dos muitos livros que já li e que acho interessante não só para o jovem leitor mas também para o professor(a) que deseja dar um diferencial a sua aula levando aos seus alunos temas que tenham a ver com o mundo juvenil e também com os assuntos que nos envolvem no dia-a-dia. Não desejo ensinar os professores a darem aulas, longe de mim fazer isso. Respeito muito esse profissional mas, as vezes, um olhar de fora pode enxergar melhor alguns pontos que parecem emperrar no relacionamento e desenvolvimento do aluno. Essas são também sugestões para meus colegas de bibliotecas escolares. Vale sempre a pena a troca de experiências.
Boa leitura!!!

Janna-Berta, uma adolescente alemã que morava em Schilitz, uma pacata aldeia, viu seu mundo virar de ponta-cabeça a partir do momento em que soou na escola o alarme de ataque atômico.Um grave acidente na usina atômica de Grafenrheinfeld, um SuperGAU, como é chamado na Alemanha, obrigava a população da região atingida a sair do local imediatamente. "... Manter a Calma é o Supremo Dever Cívico". Entretanto, "... Quando se trata de pura sobrevivência, as fachadas da civilização desabam...". Sem o apoio do governo, mais preocupado em manter a aparência de normalidade e controle, a massa humana desencadeia pânico e desordem. Somando-se aos efeitos arrasadores da irradiação atômica, as mais trágicas situações se sucedem.Janna-Berta luta pela sobrevivência em busca de sua família. Nesta obra dramática e envolvente, Gudrun Pausewang aborda a responsabilidade governamental e civil pela preservação do planeta e questiona valores como o amor à família e a solidariedade...
No início eram trinta e seis gotículas de vida prontas para serem introduzidas em suas hospedeiras. No entanto, devido a várias adversidades, cada uma delas foi morrendo e, ao final, somente uma sobreviveu... Desde que Matt nasceu, sempre foi visto como uma aberração, pois era o clone perfeito de El Patrón, poderoso senhor das drogas e governante absoluto de Ópio, país localizado entre os Estados Unidos e Aztlán, antigo México. Matt vivia em uma casa, no meio da plantação de ópio, com sua “babá” Celia. Se não trabalhasse para El Patrón quando tentou entrar ilegalmente no país, ela seria transformada em uma espécie de zumbi. Celia tomava todos os cuidados necessários para que o pequeno clone permanecesse sempre saudável, feliz e anônimo. Ela saía para trabalhar e o menino passava o dia inteiro sozinho e trancado.
Na Inglaterra da era Vitoriana, está a Vila do Muro - uma vila solitária que tira seu nome de uma imponente barreira de pedra que rodeia a fértil terra.
A calma de muitos é interrompida a cada nove anos, quando o mortal e o mágico se encontram numa feira única. É aqui no Muro que o jovem Tristran Thorn se apaixona pela jovem mais linda da cidade - uma mulher fria e distante. Para ganhar a mão de sua amada, Tristan promete pegar uma estrela cadente e embarca numa viagem que o levará para um mundo além das imaginações mais férteis. Misturando romance, magia e glamour, Stradust, vencedor de vários prêmios, é uma história cativante, profusamente ilustrada e escrita de forma lírica por Neil Gaiman e Charles Vess, dois mestres em suas artes.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Habilidade com a leitura e a escrita

Outro dia estava navegando na internet e me deparei com esse artigo do ano de 2006. Não mudou muito (ou nada) a situação das dificuldades que acometem a todos que são alfabetizados nos dias de hoje. Encontramos situações tanto nos colégios públicos e privados, chegando aos bancos universitários onde tantos jovens têm enormes dificuldades de ler e compreender o texto. Pessoas que não conseguem compreender o que um texto acadêmico, ou um texto jornalístico estão informando. Escolas e professores: é algo a se (re)pensar!

Estado de Minas, 14/02/2006 - Belo Horizonte MG

O conceito de letramento, muito divulgado no Brasil, nas pesquisas da área de educação pela professora Magda Soares (entre outras), deixou de lado o contraste entre pessoas que sabem e que não sabem ler. O letramento considera graus de intimidade do indivíduo com materiais de escrita e de leitura. Para não assustar ninguém, é bom deixar claro que o letramento é algo que está em nosso dia-a-dia. Nada mais é do que parte de nossa necessidade diária de ação pela linguagem, especialmente lendo e escrevendo.
Quando alguém sabe ler, mas não consegue compreender sequer textos curtos, essa pessoa pode ser alfabetizada, mas tem um nível de letramento muito baixo. Esse nível pode aumentar à medida que o indivíduo aprende a lidar com mais e diferentes materiais de leitura e de escrita. Quanto mais textos alguém é capaz de ler e entender, mais letrado é. Assim também funciona com a escrita. Quanto mais material escrito alguém é capaz de produzir, mais letramento tem. E não adianta produzir apenas em quantidade. É preciso ampliar o leque de possibilidades, ou seja, ler muitas coisas diferentes e saber o que fazer com elas.
Por exemplo: você é capaz de ler bem uma tirinha? Sabe lidar com o texto do rótulo de uma lata de ervilhas? Consegue produzir um bom bilhete para um familiar? Pode se mover na cidade lendo as placas de rua? Sabe como procurar informações numa bula de remédio? Então você tem letramento suficiente para o dia-a-dia. O caixa eletrônico do banco é mais uma possibilidade de letramento. Já que está numa máquina, ficou sendo chamado de letramento digital. As pessoas que entraram nesse tipo de letramento podem atuar na linguagem por meio da leitura e da escrita de textos produzidos no e para o computador, estejam eles na internet ou nos programas de produção e leitura de material textual.
Uma instituição de ensino é a responsável, em grande medida, pelo aumento do letramento das pessoas. É lá que o indivíduo deixa de ler e escrever apenas os textos do dia-a-dia e passa a ter contato com materiais elaborados de maneira diferente, às vezes mais complexos e menos comuns no cotidiano. Na escola, aprendemos a escrever as famosas dissertações. Na faculdade, chovem os resumos, as resenhas e as tenebrosas monografias. Os artigos científicos tornam-se a leitura predileta de quem resolve se especializar na carreira. E, mais tarde, para quem se aprofunda, chegam as dissertações e teses. A leitura literária faz parte da ampliação do letramento. Tudo isso faz aumentar, também, a quantidade e a qualidade das informações na nossa memória, ou seja, nossa bagagem cultural. Isso é letramento. E quando alguém também domina os textos feitos na e para a tela do computador, isso é letramento digital.
Quando o indivíduo entra numa agência bancária e não consegue lidar com as orientações escritas na máquina, é preciso introduzi-lo nessa nova possibilidade de leitura. As escolas, há vários anos, têm oferecido computadores e laboratórios de informática aos alunos para que todos tenham acesso às novas maneiras de ler e escrever. No entanto, nem sempre apenas as máquinas bastam. É preciso que o professor planeje uma nova maneira de dar aulas, um novo jeito de ensinar, com novas tecnologias. Isso é aumentar o letramento e entrar no mundo das possibilidades digitais.


Ana Elisa Ribeiro é professora do Centro Universitário UNA, doutoranda pela UFMG e autora de Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas.

"Ler é bom. experimente!"

ALIANÇA DO BRASIL PATROCINA PROJETO DE LEITURA PARA ESCOLAS DA REDE PÚBLICA

Projeto “Ler é Bom, Experimente!” abre inscrições e oferece gratuitamente livros e material didático
O projeto de incentivo à leitura “Ler é Bom, Experimente!", que tem o patrocínio da Companhia de Seguros Aliança do Brasil e o apoio do Ministério da Cultura, está com as inscrições abertas até o dia 31 de março.O programa é voltado às escolas da rede pública de todo o país, com turmas a partir da 6ª série do ensino fundamental e tem o objetivo de incentivar o hábito da leitura e escrita, estimular a criação de textos, performances, discussões e debates em sala de aula. Criado em 2000, pelo escritor Laé de Souza, a iniciativa já atingiu cerca de 1.000 escolas com a participação de 40 mil alunos em todo o país. “Despertar o interesse pela leitura pode ser um grande incentivo para que os alunos procurem outros títulos, adquirindo uma melhor formação e aprendizado como cidadãos”, diz o diretor de administração e controle da Companhia de Seguros Aliança do Brasil, Alencar Rodrigues Ferreira Junior. Em 2008, 500 escolas participarão do projeto e receberão gratuitamente 38 exemplares do livro de crônicas “Nos Bastidores do Cotidiano” e material didático: folhas pautadas para redação, questionários e Manual do Professor com sugestões para dinamizar a leitura em sala de aula e plano de aplicação do projeto. Na etapa final, os alunos que apresentarem os melhores trabalhos serão premiados com outra obra do autor. As obras utilizadas no projeto são “Nos Bastidores do Cotidiano”, “Acontece...” e “Espiando o Mundo pela Fechadura”, crônicas de autoria de Laé de Souza publicadas pela Editora Ecoarte. Os textos retratam o cotidiano de pessoas comuns, situações inusitadas e personagens marcantes, sempre com abordagem bem-humorada e leve, embora crítica, e linguagem coloquial, o que facilita a compreensão dos textos.


Aliança do Brasil Criada em 1997, a Aliança possui uma da carteira de produtos, composta por mais de 40 tipos de seguros que cobrem riscos pessoais e patrimoniais, entre eles os seguros de vida, residenciais, empresariais, rurais, de transporte e outros. São soluções para necessidades de pessoas físicas e jurídicas, em todos os segmentos, inclusive no agronegócio. A carteira de riscos pessoais e de outros ramos soma mais de 9,3 milhões de clientes.

Autor Laé de Souza é cronista, dramaturgo, bacharel em Direito e Administração de Empresas e autor de vários projetos de leitura, em execução há dez anos, focados nas escolas da rede pública, parques, praças, hospitais, transportes coletivos, hipermercados, e outros, com o intuito de formar leitores de todas as etnias, faixas etárias, credos e classes sociais. “É preciso criar oportunidades para o público conhecer o mundo maravilhoso da leitura, entretanto, com a preocupação de oferecer obras que lhe prendam a atenção e despertem o interesse por outros livros. O projeto “Ler é Bom, Experimente!” foi criado para conquistar e formar novos leitores”, afirma Laé.


Serviço: Inscrições até 31 de março de 2008 pelo Site: www.projetosdeleitura.com.brInformações: (11) 6743-9491 e 6743-8400Todo o material é fornecido gratuitamente às instituições de ensino
Máquina da Notícia - Assessoria de Comunicação da Aliança do Brasil
Tatiane Lima – tatiane.lima@maquina.inf.br – Telefone: (11) 3147 7405.
Renata d’Avila – renata.davila@maquina.inf.br – Telefone: (11) 3147 7404.
Assessoria de Comunicação do "Projetos de Leitura"Rosângela Inojosa Galindo - rosangela.inojosa@uol.com.br

Telefone: (11) 9261-5500 / (15) 3227-4581www.projetosdeleitura.com.br

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Hoje garimpei esse texto!

REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO DE BIBLIOTECA ESCOLAR

Clarice Fortkamp Caldin

Resumo: Destaca a importância da biblioteca escolar na difusão e fomento da leitura. Apresenta reflexões acerca das atividades do bibliotecário da biblioteca escolar. Salienta que a seleção do acervo bibliográfico é de sua responsabilidade e competência. Incentiva o bibliotecário a ser um leitor ávido, complementando com autodidatismo suas deficiências literárias com a finalidade de obter cultura geral.

INTRODUÇÃO
O êxito de uma biblioteca escolar em cativar leitores depende de duas variáveis: do acervo bibliográfico e do profissional que nela atua. A qualidade do acervo encontra-se condicionada a vários fatores externos à figura do bibliotecário, mas é passível de ser contornada pela criatividade, pelo empenho e pelo senso de responsabilidade social desse profissional da informação.Além de despertar o gosto pela leitura como forma habitual de lazer, um dos objetivos da biblioteca escolar é a formação do cidadão consciente e capaz de um pensamento crítico e criativo. Isso significa uma maior participação do bibliotecário no processo cultural do qual fazem parte, também, os professores, pedagogos, escritores e pesquisadores que vêem na leitura um ato de conscientização do indivíduo.Portanto, o papel que cabe à biblioteca escolar e, por extensão, ao bibliotecário que nela atua, é o de estimular, coordenar e organizar o processo de leitura para que, por meio dela, a criança/adolescente/jovem aumente seus conhecimentos, sua capacidade crítica e reflexiva que lhe permitam atuar melhor na sociedade. Está superado o conceito tradicional de que a biblioteca escolar seja um depósito de livros doados pelo Governo ou por particulares para complementar o programa de estudos. Sua função agora é a de ser um centro de informação e cultura.

O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO DE BIBLIOTECA ESCOLAR
Muito embora alguns bibliotecários se preocupem apenas com a função educativa da biblioteca, a maioria acredita e defende que ela tem uma função cultural a desempenhar. Esses últimos preocupam-se em transformar a biblioteca em um mecanismo real para a formação da consciência crítica do educando. Há muito que se fala da neutralidade da biblioteca. Mas, o saber registrado não é neutro. Por esse motivo, o material que compõe o acervo das bibliotecas escolares necessita ser bem selecionado para que represente a expressão de várias correntes de pensamento sobre um mesmo conhecimento.Assim, há que se ter muito cuidado com as doações: nem sempre é por acaso que organizações nacionais e internacionais fazem doações de livros - elas sabem que a leitura é um dos melhores instrumentos para disseminar idéias.O bibliotecário tem uma responsabilidade enorme, pois dependerá dele (de seus próprios valores e crenças), o resultado das ações efetuadas dentro da biblioteca. Se ele considerar a educação em um sentido amplo, não limitado somente ao ensino, mas, principalmente, voltada à formação de hábitos e atitudes do aluno, ele não se restringirá a ser um mero técnico-administrativo a serviço da escola. Ele irá lutar pela conquista da igualdade de oportunidades sociais que possibilitem a todos os estudantes o acesso ao conhecimento registrado.Mueller (1990) em tempos idos falava que a maioria dos bibliotecários encarava o conhecimento como algo pronto para ser adquirido, consumido e reproduzido.É bom lembrar que os bibliotecários das décadas de setenta e oitenta, passaram por um processo escolar que não trabalhou com a leitura crítica/ativa/prazerosa. Receberam sempre o conhecimento acabado, estático. Tal não se justifica mais. Os novos currículos dos Cursos de Biblioteconomia têm se preocupado em preparar o acadêmico para o exercício crítico por meio de leituras reflexivas a respeito da nova sociedade, a sociedade da informação. Não se vive mais em um mundo tradicional. Como bem afirmou Calixto (1994) para o indivíduo sobreviver em uma sociedade de verdades efêmeras, ele necessita de atualização sistemática.Em um mundo em constantes mudanças, globalizado, não cabem mais os procedimentos ditos tradicionais. O bibliotecário tem de largar seu papel passivo, de mero processador técnico de livros e desempenhar um papel ativo: agente de mudanças sociais.Tem de lembrar que é um educador, que uma das funções da biblioteca escolar é ensinar o aluno a pensar e, portanto, é sua função também ensinar os usuários a pensar, refletir e questionar os saberes registrados - verificar a pertinência, validade, aplicabilidade das idéias contidas nos livros. Tem de lembrar, também, que os novos tempos exigem que a escola (professor e bibliotecário) esteja apta a preparar o indivíduo para a sobrevivência nessa sociedade em rápida e constante mutação. Em vista disso, Souza (1999) levanta a questão: que profissional é o bibliotecário? Assim, quanto à sua identidade profissional, deve-se indagar sobre seus objetivos e responsabilidades, seu valor para a sociedade e status entre as demais carreiras profissionais e, conseqüentemente, o nível de sua remuneração; quanto à organização da profissão como área do conhecimento, deve-se indagar sobre a forma pela qual está organizada – como carreira profissional ou como campo de investigação, como se processa sua formação profissional e como se comunica com seus pares; quanto à relação com o usuário, deve-se indagar como vê o usuário da biblioteca e como esse o vê; quanto ao desempenho profissional, deve-se indagar em que consiste sua excelência, o que considera sucesso ou fracasso, se está buscando emprego ou trabalho.Essas indagações deveriam ser feitas por todos os bibliotecários, pois somente aqueles que responderem com franqueza os problemas levantados poderão atender eficientemente os usuários. E no caso das bibliotecas escolares, essa é uma necessidade imperiosa. Como trabalhará com o indivíduo em formação, tais bibliotecas têm de ser um local de acesso democrático às informações, onde o ato da leitura signifique refletir, estar a favor ou contra dos pensamentos registrados, trocar idéias com colegas, posicionar-se, enfim, exercer a cidadania.Para que tal aconteça, torna-se necessário um acervo diversificado. Ao lado dos livros didáticos (que ajudam na compreensão do conteúdo curricular) e dos de entretenimento (para o lazer e o prazer), há que constituir o acervo de uma boa biblioteca escolar livros que promoverão a formação social, intelectual, cultural e crítica (literatura, filosofia, psicologia e ciências afins).A biblioteca é um espaço cultural, criado e mantido para o usuário. Quem o cria e o mantém? O bibliotecário. Se ele cria e mantém esse espaço cultural, tem a obrigação de ser culto. Originalmente o bibliotecário devia ser, antes de tudo, um erudito. A explosão bibliográfica transformou-o em um técnico sem erudição. Esse foi um erro da Academia, colocando no currículo dos Cursos de Biblioteconomia uma maciça dose de disciplinas técnicas em detrimento das humanas e sociais. Então o bibliotecário deve, por si mesmo, buscar o que perdeu: ser um auto-didata em cultura geral. Não é possível ler todos os livros, mas ler todos que for possível – essa deveria ser a palavra de ordem dos bibliotecários interessados em adquirir e garantir um acervo de qualidade.Se a biblioteca é um organismo vivo, dinâmico, seus profissionais têm de agir com dinamismo, driblando as dificuldades financeiras e entraves burocráticos das bibliotecas escolares, principalmente as da rede pública. Aqui entram em jogo suas habilidades diplomáticas e competências argumentativas para montar um acervo rico e diversificado.O bibliotecário é o profissional que tem contato com os leitores, conhece seus gostos, interesses e necessidades. Está perfeitamente gabaritado para atuar como crítico na seleção do acervo. Se o bibliotecário se comportar com o um leitor ávido, não ficará temeroso em listar obras que a biblioteca deverá adquirir. Trabalhar em parceria com os professores – sim, delegar a tarefa de selecionar as obras exclusivamente aos professores – jamais. Há que se destacar a importância da literatura infanto-juvenil nas prateleiras das bibliotecas escolares para o fomento da leitura. Quando as universidades brasileiras descobriram que o jovem não sabia escrever porque não lia, houve uma preocupação em incentivar o ato da leitura no ensino básico, e as editoras investiram na literatura infanto-juvenil, apostando em um retorno financeiro. Surgiram então as obras de autores chamados Filhos de Lobato. Essa nova literatura perdeu o didatismo característico dos textos direcionados à criança. Assim, na década de setenta, a literatura infanto-juvenil, travestida de contos de fadas modernos, questionava o autoritarismo do governo militar e se configurava como uma forma de denunciar o governo, a opressão e a censura. Na década de oitenta o estético ficou prejudicado, pois as escolas, aliadas das editoras, se preocupavam apenas em apresentar a literatura infanto-juvenil com o um meio de formação e de informação. Desde a década de noventa o livro infantil conseguiu mais espaço no mercado editorial brasileiro, pois apresenta textos inovadores, questionadores, com uma nova proposta cultural e técnicas narrativas contemporâneas, que transformam a leitura em uma atividade prazerosa e crítica ao mesmo tempo, seduzindo a criança para o exercício da reflexão.Fica a pergunta: está o bibliotecário da biblioteca escolar ciente do que é a boa literatura infantil? Os critérios que alguns teóricos apontam na escolha da boa literatura infantil seriam: apostar na inteligência da criança; verificar se o livro infantil é arte ou se confunde com didatismo e moralismo; fugir do corriqueiro e do banal; provocar emoções; ser instigante; proporcionar prazer.Caldin (2001) listou alguns aliados do bibliotecário na seleção de livros infantis: os concursos literários nacionais e internacionais, as feiras nacionais e internacionais, os catálogos de autores, e a crítica literária de teóricos da literatura infantil.Para a seleção de material das diversas áreas do conhecimento, necessárias e suplementares à formação do educando, o bibliotecário pode contar os catálogos de editoras, os suplementos literários dos jornais e das revistas e, sobretudo, com a internet.Com tantos subsídios à sua disposição, como pode o bibliotecário furtar-se ao seu papel de crítico no momento da seleção do acervo? Naturalmente não existirá uma biblioteca escolar completa. Isso é uma utopia, em um país de esfomeados, desempregados, analfabetos, desesperançados, em um país onde Educação não é prioridade. Mas o bibliotecário deve fazer o seu melhor. Isso é o que a sociedade espera dele. Independentemente de salário, condições de trabalho, tempo disponível ou ânimo. Foi para atender bem a sua comunidade de leitores que ele escolheu, dentre tantas, essa profissão.

CONSIDERAÇÕES
Cabe lembrar que nesse país a criança tem pouca chance de desenvolver um senso estético e um senso crítico apurados. Então, eis aí a essência do papel do bibliotecário: fazer da biblioteca escolar um centro promotor da leitura. Mas, para isso, o bibliotecário precisa gostar de ler. Se, até o momento, não despertou para as delícias de uma boa leitura, então está na hora de começar! Basta desligar a televisão e pegar um bom livro. Se o bibliotecário concordar com Borges (1987) que chamou o livro de o instrumento mais espetacular dos utilizados pelo homem, fará uso desse instrumento com a finalidade de obter o aprimoramento intelectual e desenvolver a criticidade, transformando-se em um leitor seletivo que aprende a separar o joio do trigo nessa plantação imensa e descontrolada que é o universo de informações registradas.Para começar essa nova fase de sua vida de bibliotecário-leitor, precisa desenvolver o prazer em escolher um livro, folhear, ler, absorver os pensamentos apresentados, refletir sobre eles, formar opiniões. Precisa atentar para a necessidade da leitura crítica, não escravizada pelas ideologias opressivas. Ao recordar que quem lê está apto para escrever, o bibliotecário-leitor pode adquirir competências para a escrita criativa, divulgando aos seus pares experiências enriquecedoras de leitura no exercício da profissão por meio de artigos publicados em revistas da área. Para que tal aconteça, precisa esquecer, nesses momentos, a leitura técnica realizada todos os dias para a catalogação, classificação, indexação. Deixar de lado a folha de rosto, a orelha do livro, o sumário, o índice. Precisa saber concentrar-se no texto. Passear pelas suas folhas, acompanhar as personagens em suas peripécias, os filósofos em seus argumentos, os cientistas em suas descobertas. E um novo mundo irá se descortinar: de poesia, lirismo, conhecimento, informação.Eis pequenas atitudes com grandes possibilidades de aprendizado intelectual, cultural, profissional e pessoal.

Clarice Fortkamp Caldin
Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Doutoranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina.Professora no Departamento de Ciência da Informação, no Centro de Ciências da Educação, na Universidade Federal de Santa Catarina - FlorianópolisE-mail: claricef@matrix.com.br
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 163-168, jan./dez., 2005.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Anuidade

Fica aqui o lembrete dessa importante contribuição para nossa classe. Estes dados foram retirados do próprio site do CRB8 - SP. E, como já estamos quase no final do mês de janeiro, não vamos nos esquecer heim?
CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA
RESOLUÇÃO CFB N.º 83 DE 18 DE SETEMRO DE 2007.

Dispõe sobre fixação de anuidades e taxas a serem pagas pelas Pessoas Físicas e Jurídicas inscritas nos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, para o exercício financeiro de 2008 e dá outras providências.
O Conselho Federal de Biblioteconomia, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962, regulamentada pelo Decreto nº 56.725, de 16 de agosto de 1965, resolve:
Art.1º - Fixar para o ano de 2008 o valor de anuidade a ser paga aos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, da seguinte forma:
I – Pessoa Física: R$263,75
II – Pessoa Jurídica:Capital Social AnuidadesAté R$500,00 R$80,96De R$501,00 a R$2.500,00 R$164,49De R$2.501,00 a R$4.500,00 R$245,46De R$4.501,00 a R$10.500,00 R$327,71De R$10.501,00 a R$50.000,00 R$408,66De R$50.501,00 a R$100.000,00 R$492,20Acima de R$100.000,00 R$819,90
Parágrafo Primeiro - O pagamento integral da anuidade de 2008 de pessoas física e jurídica, efetuado até 31.01.2008 terá desconto de 20% (vinte por cento); até 28.02.2008, de 15% (quinze por cento) e até 31.03.2008, de 10% (dez por cento).
Parágrafo Segundo – Em caso de parcelamento da anuidade, as parcelas obedecerão aos seguintes critérios:
a) Parcelamentos que se firmarem antes de 31/03/08: as parcelas vencidas até 31/03/08 não sofrerão qualquer acréscimo de juros, multa ou correção monetária, sendo que as parcelas que se vencerem após 31/03/08, sofrerão incidência de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária pela variação mensal do IPCA/IBGE;
b) Parcelamentos firmados após 31/03/08: as parcelas sofrerão acréscimo de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da anuidade, juros de 1% (um por cento) ao mês e incidência de correção monetária pela variação mensal do IPCA/IBGE.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Bibliotecário é arquiteto da informação, sabia?

Como tem sido muito difícil encontrar textos atuais sobre nós, profissionais da área de biblioteconomia, conforme vou encontrando textos que me interessam e acho pertinente com a temática do blog, vou postando. Esse por exemplo, apesar de ser de 2005 ainda se encontra atual. Apesar da tecnologia ser uma realidade ao qual não dá mais para fingir que não existe, ainda há muitos profissionais que se recusam a adentrar esse universo tecnológico e mantém-se afastados cuidando de suas tarefas da mesma forma sem nunca inovar. Esse comentário não se aplica a essa leva de jovens bibliotecários que tem saído das faculdades com uma bagagem inovadora e que se encontram já fazendo um diferencial no mercado.
Bibliotecários devem perder o bloqueio frente à internet e perceber que seu foco deixou de ser somente o suporte (o livro) para abranger o acesso à informação em todos os tipos de suporte.

Por Katyusha Souza

A popularização de equipamentos eletrônicos tem contribuído para o crescimento da internet e da tecnologia utilizada por ela. A internet cada vez mais popular, mais fácil e acessível por meio de banda larga, o que facilita a navegação, já está em escritórios, cafés, bares, em casa, aviões, shoppings, universidades, escolas, além das residências e ocupando um espaço cada vez maior no cotidiano das pessoas.
Mas a tecnologia ainda é vista com olhos desconfiados por grande parte dos profissionais da biblioteconomia. A internet, especialmente, é um desafio que poucos se propõem a enfrentar.
Essa atitude auxilia na exclusão do bibliotecário do mercado de trabalho relacionado à internet e é ruim para a profissão. Isso porque o foco do bibliotecário deixou de ser somente o suporte (o livro) para abranger o acesso à informação (ou seja, a informação em todos os tipos de suporte).
Tendo essa idéia em mente, a informação na internet é um grande nicho que escapa das mãos destes profissionais, principalmente com relação ao tratamento e organização da informação em websites, astro principal na grande rede. Este trabalho, que cabe perfeitamente aos bibliotecários, tem ficado por conta de profissionais da área de jornalismo, publicidade, design de interfaces e análise de sistemas.
Organizar a informação, o fluxo de navegação de um website, trabalhar a hierarquia e categorização da informação na web são algumas das atividades exercidas pelo arquiteto de informação, o novo profissional que surge para fazer o que o bibliotecário faz em centros de informação.
Segundo Rosenfeld (2002, tradução nossa), co–autor do best–seller Information Architecture for the World Wide Web, a Arquitetura de Informação é a arte e a ciência de organizar, estruturar e categorizar a informação para torná–la mais fácil de encontrar e de controlar. Essa definição encaixa–se perfeitamente no papel e na função do bibliotecário, que segundo Milanesi (apud SOUZA, 2005) é descongestionar todas as vias de fluxo da informação.
Para Garrett, Information architecture is closely related to the concept of information retrieval: the design of systems that enable users to find information easily. But Web site architectures are often called on to do more than just help people find things; in many cases, they have to educate, inform, or persuade users. (GARRETT, 2004, p. 94).
Estas são exatamente as preocupações de um arquiteto de informação e a maioria dos designers não possui conhecimento ou experiência suficiente para tomar as decisões certas nestas questões.
Ora, em um paralelo, estas questões fazem parte da rotina de trabalho de um bibliotecário: trabalhar com hierarquia, categorização, fluxo da informação, facilidade de uso e acesso à informação. O bibliotecário, além destes conhecimentos precisa estar informado sobre as tecnologias que cercam sua rotina e precisa ter conhecimentos de editoração.
Além da estruturação, organização e categorização da informação, o arquiteto de informação lida também com questões de usabilidade e cognição, taxonomia, tesauros e vocabulário controlado. Ter um site na internet com muito conteúdo significa ter que organizar e categorizar muita informação e isso é o que a Biblioteconomia tem feito há tempos.
A máxima hoje é dizer que informação é poder, e com isso quanto mais informação, mais poder. Mas essa explosão informacional, que nos bombardeia dados, fatos e informações o tempo todo se não organizados e categorizados, nos traz o que Wurman (2003) chama de ansiedade de informação. Dados e fatos, para o autor, que não agregam conhecimento, não são informação e essa falta de conhecimento gera a ansiedade por não saber. Essa ansiedade só pode ser superada se aprendermos a reconhecer o que é compreensível e o que não é.
Em uma busca, o usuário que acessa a internet se depara com tanta informação, pertinente ou não, que muitas vezes não sabe por onde começar a procurar. E é aí que entra o arquiteto de informação, para organizar a informação e o fluxo de navegação, que é o que o bibliotecário faz em um centro de informação: organiza a informação de forma que ela seja facilmente recuperada e mapeia as formas de encontrá–la.
A partir de estudos sobre necessidades e comportamentos dos usuários que se deseja alcançar, o arquiteto planeja a organização da informação no site e seu fluxo de navegação utilizando critérios de usabilidade como facilidade de uso, baixa taxa de erros, eficiência, além da análise de processos de cognição, taxonomia na organização e hierarquização da informação.
Bem, este é o papel do bibliotecário em uma unidade de informação. A partir do perfil do usuário que se pretende atingir, o profissional da informação determinará toda a estratégia de serviços e produtos que irá oferecer, a rotina de trabalho, dentro outros. Ou seja, o bibliotecário é um profissional preparado para atuar nesta área em que atua o arquiteto de informação.
A diferença é o meio de atuação e as tecnologias envolvidas no desenvolvimento de cada um. O profissional se desenvolve de acordo com o meio em que atua. Se o bibliotecário for trabalhar na web, sua formação se voltará para as tecnologias que envolvem a área. [Webinsider]

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Olha nós aqui gentem!!!!

Indexando os artigos da revista Educação do mês de dezembro de 2007, me deparei com um artigo falando a respeito dos agentes da transformação que fazem a mediação da leitura. Fazendo parte desse artigo, ao virar a página, vejo que fala sobre a importância do bibliotecário como mediador. Gostei muito pois é tão difícil encontrar textos falando de nossas atividades diárias e da importância de nosso trabalho que não pude deixar de fora. Espero que gostem tanto quanto eu. Não é novidade nenhuma mas é sempre bom ressaltar.

Mediador privilegiado : bibliotecário, que não está preso a currículo ou avaliação, é figura-chave

O imaginário coletivo construiu uma imagem um tanto autoritária do bibliotecário, talvez por ser o guardião do conteúdo de centenas de prateleiras que, ninguém, a não ser ele, sabe como foram organizadas. Mas por trás da fachada de rigor está um mediador por excelência, que tem muito a oferecer para quem quer descobrir uma biblioteca. Basta lembrar do Gato, o bibliotecário do Castelo Rá-Tim-Bum, premiada série infantil da TV Cultura: o felino sabe o paradeiro de qualquer exemplar e sempre tem entre as patas um livro de poesia diferente para encantar as crianças do Castelo.

"Do bibliotecário espera-se uma atuação positiva como mediador de leitura. Diferentemente do professor, ele não está atrelado a currículos e avaliações, tendo portanto, maior liberdade para dialogar com o leitor e fazer proposições sem que este se sinta pressionado", confirma a educadora Mariza Russo, da UFRJ. No seu entender, essa ação tem ainda mais importância nas bibliotecas, predominantemente,por pessoas cujo poder aquisitivo não permite adquirir livros com freqüência. "Com isso, pode-se garantir oportunidades de transmissão cultural entre as gerações, além da ampliação das condições de desenvolvimento social dos leitores", avalia.

A bibliotecária Luciana Maria de Melo, por exemplo, foi a grande responsável pela transformação da Biblioteca do Colégio São José, em Santos (SP), com mais de 80 anos. "Era um amontoado de livros", admite ela, que largou outro emprego, em uma faculdade, para assumir a coordenação de um verdadeiro mutirão de trabalho. Em três meses, tudo estava reestruturado. "Dividimos a biblioteca com as obras de um lado e numa outra parte montamos um espaço de leitura e multimídia". O resultado foi imediato. A freqüência é cada vez maior e, além dos livros, ela oferece diversas atividades, como a presença de autores e de contadores de histórias. "Vivo lendo para as crianças,ajudando jovens a fazer pesquisas e indicando livros de forma personalizada", diz a mediadora.

Apenas vontade, porém, não basta. O bibliotecário também precisa de capacitação e de estrutura. No âmbito da formação, além da iniciativa do PNLL, merece registro o curso de biblioteconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lançado em 2006, o primeiro nessa área a oferecer a disciplina de Mediação de Leitura. "A grade curricular contempla as áreas de biblioteconomia e de gestão, pois os bibliotecários do século 21 precisam estar capacitados para administrar todos os recursos que integram as unidades de informação, assim como as pessoas, que constituem seu principal ativo", diz Mariza Russo, da UFRJ.

Para 2008, a UFRJ prepara um curso de extensão sobre mediação de leitura,a ser oferecido para bibliotecários e alunos de outras universidades,com o objetivo de resgatar esse espaço de atuação para esses profissionais.

No que concerne à estrutura, o Governo Federal está cuidando disso no recém-lançado Mais Cultura, programa do qual farão parte a programação do treinamento dos agentes de leitura do PNLL e a modernização de 4,5 mil bibliotecas públicas no Brasil. Vale lembrar que os 72.705 estabelecimentos do ensino infantil, fundamental e médio igualmente contamcom bibliotecas, que também estão no foco das ações dessa iniciativa. Segundo o Ministério da Cultura, 1.170 municípios não tinham bibliotecas em 2003. Hoje, falta levar esse espaço para 350 cidades.

E já estamos em 2008

Pois é, ficamos tão ansiosos para a chegada do novo ano, e eis que ele já está acontecendo e a mil por hora. Nesse período entre Natal e Ano Novo fiquei afastada pois estava sem computador em casa e havia tirado um período de descanso no serviço. Mas hoje ao chegar a biblioteca, um colega me falou desse artigo no jornal que tinha a ver com meu blog. Li, gostei e realmente acho que tem a ver com nosso perfil. Fiquei muito contente em saber que a Divina Comédia, do autor italiano Dante Alighieri lidera em site literário. Vale a pena ler o artigo que saiu no jornal Folha de S. Paulo e conhecer também a própria obra que é maravilhosa. Boa leitura a todos e um ótimo

2008 para todos nós!


"Divina Comédia" lidera em site literário
Obra de Dante Alighieri desbanca Fernando Pessoa e Machado de Assis e é a mais procurada no portal Domínio Público
Crise da arte contemporânea, aparição do autor em obras atuais e até novela da Globo são causas do sucesso na opinião de especialistas
Clássico de Dante lidera o ranking de downloads
Fonte: Site do Domínio Público, dados de ontem

Engana-se quem pensa que é Machado de Assis, Shakespeare, Fernando Pessoa ou qualquer outro livro da lista dos obrigatórios para o vestibular o mais procurado dos que estão em domínio público. A obra com mais downloads no portal do governo que pretende reunir os livros disponíveis gratuitamente -ou, pelo menos, os mais importantes- é do século 14, foi escrita em toscano e teve seus versos traduzidos para o português do século 19 por José Pedro Xavier Pinheiro, um baiano que morreu em 1882. Os números são do portal Domínio Público (dominiopublico.gov.br), mantido pelo Ministério da Educação: "A Divina Comédia", do florentino Dante Alighieri (1265-1321), deixa para trás, e por muito, clássicos como "Mensagem", de Fernando Pessoa, e "Dom Casmurro", de Machado -168 mil acessos contra 41 mil e 39 mil, respectivamente. São obras de domínio público as escritas por autor morto há mais de 70 anos; o site também abriga aquelas cujos autores ou as famílias concedem uma licença. Foi o caso de "Grande Sertão: Veredas" -um link do Domínio Público deu acesso à íntegra do livro durante as comemorações de 50 anos da obra de Guimarães Rosa; depois, a editora Nova Fronteira a retirou da rede. A ação foi considerada "promocional" por funcionários do ministério. Comédia"A Comédia dos Erros", de Shakespeare, aparece em quarto lugar na lista das mais baixadas no site -a coincidência do nome com a primeira colocada dá corda para uma piada corrente no MEC, segundo a qual o internauta mais desavisado estaria baixando as duas obras pensando fazerem elas parte do gênero cômico. Já Maria Teresa Arrigoni, professora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e especialista em Dante, associa o fenômeno a uma reaparição da obra do autor em manifestações artísticas atuais, como o suspense best-seller "Os Crimes do Mosaico" (Planeta do Brasil, 2006), de Giulio Leoni, que tem o próprio Dante como detetive. Até mesmo a novela "Sete Pecados", da Globo, entraria nessa retomada dos temas da "Divina Comédia", dos pecados à própria noção de paraíso, inferno e purgatório. A noção de purgatório, aliás, era recente quando a obra foi escrita, aponta Arrigoni. Estudos do historiador francês Jacques Le Goff mostram que ela surgiu por volta do século 13.O professor de teoria literária da Unicamp Carlos Berriel, por sua vez, aponta a coincidência -não casual- da ascensão de Dante com o que chama de crise da arte contemporânea -""uma crise que antecede o desaparecimento"."A agonia da Bienal de São Paulo é um lado da mesma moeda do interesse em Dante", diz. "Certas manifestações do moderno estão esgotadas, e a Bienal, que é a expressão máxima do moderno, não diz mais nada a mais ninguém."Na opinião de Berriel, Dante organiza o mundo. "Ele torna o além algo totalmente hierarquizado. Mostra que, por princípio, todo mundo pode organizar o seu inferno, céu e purgatório. Dante é antípoda da nossa época de ausência de hierarquia, de valores, com uma cultura descentrada."O coordenador do Domínio Público, Marco Antonio Rodrigues, por sua vez, apresenta outras hipóteses para o sucesso de Dante. Primeiro: "A Divina Comédia" foi uma das primeiras obras a serem cadastradas no portal. Segundo: diferente de "Dom Casmurro", por exemplo, só tem uma versão na página. E, por fim, após o alto número de acessos, foi criado um link específico para a obra no menu do Domínio Público.

A própria lista das obras mais acessadas, aponta, é uma alavanca para que as primeiras colocadas permaneçam no rol - ela motiva os internautas a conhecer os "hits". Essa seria uma explicação também para outros "fenômenos" do portal, como os infantis "A Borboleta Azul" e "O Peixinho e o Gato", da professora baiana Lenira Almeida Heck, hoje moradora de Lajeado (RS), que ficam em segundo e terceiro lugar no ranking -para se ter uma idéia, "Dom Casmurro" ocupa só a 11ª posição. Lenira assina, ao lado de seu nome verdadeiro, como "Júlia Vehuiah", que junta o apelido da mãe, que se chamava Julieta, com o nome de seu anjo. O codinome foi criado na época da composição do hino de Lajeado; seguiu com a autora e, hoje, serve para o que ela chama de despreocupação com o fato de sua obra estar disponível gratuitamente na internet -embora ela não dê permissão para o internauta imprimi-la."Sou professora, não dependo só dos meus livros para viver. E, se sou inspirada por Júlia e Vehuiah, a obra não me pertence." Ainda assim, ela já cuida da memória de seu nome e vislumbra um futuro de sucesso. "Guardo todas as minhas crônicas e tudo o que sai sobre mim. No dia em que eu não estiver mais aqui, vai haver muito material para falar de Lenira Almeida Heck."


ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA