terça-feira, 10 de março de 2009

Novas bibliotecárias veem além das estantes

Ao receber essa notícia retirada da Folha de S.Paulo pelo nosso diretor pedagógico, fiquei com uma "pontinha de inveja branca" dessas profissionais que tem esse espaço e condições para desenvolver esse tipo de trabalho. E ainda por cima numa escola pública! Quando chegaremos lá heim? Ainda mais que li esse artigo após ler o boletim do nosso sindicato falando sobre a reunião com representantes do governo de São Paulo que continuam a ignorar a presença do profissional bibliotecário nas salas de leitura que pretendem criar nas escolas. Simplesmente lamentável...Mas não pensem vocês que desisti não! Muito menos a grande maioria que trabalha na área. Vamos continuar a lutar e pressionar até que uma luz ilumine essas mentes que governam para que enxerguem o real valor desses profissionais da informação.

Por MOTOKO RICH (New York Times)

Era o momento de aprendizado que Stephanie Rosalia esperava. Um grupo de alunos da quinta série se reuniu em torno de laptops na biblioteca da escola, supervisionados por Rosalia, e investigou o site Allaboutexplorers.com. Sem que as crianças soubessem, o site estava intencionalmente recheado de informações falsas. Rosalia, bibliotecária da Escola Pública 225, de ensinos fundamental e médio no Brooklyn, recomendou cautela. A maioria dos estudantes a ignorou, como ela sabia que fariam. Mas Nozimakon Omonullaeva, 11, percebeu algo estranho em uma página sobre Cristóvão Colombo. "Diz aqui que os indígenas gostaram dos telefones celulares e computadores trazidos por Colombo!", exclamou Nozimakon, apontando para a tela. "Isso está errado." Foi uma descoberta essencial em uma lição sobre a confiabilidade -ou não- da informação na internet, uma das muitas que Rosalia ensina em seu trabalho como um novo tipo de bibliotecária escolar. Rosalia, 54, faz parte de um crescente quadro de especialistas em multimídia que ajudam a orientar os estudantes em meio ao oceano digital de informação com que eles se defrontam diariamente. "Acabaram os dias de apenas organizar livros nas prateleiras", disse Rosalia, que está na escola há quase seis anos. "Esta é a era da informação, e a tecnologia trouxe toda uma nova geração de práticas." Alguns desses bibliotecários ensinam as crianças a desenvolver apresentações em PowerPoint ou criar vídeos on-line. Outros fazem os estudantes usarem as redes sociais na internet para discutir temas históricos ou comentar as redações de colegas de classe. Mas, enquanto os bibliotecários cada vez mais ensinam aos alunos técnicas cruciais necessárias não apenas na escola, mas também no trabalho e na vida cotidiana, muitas vezes eles são as primeiras vítimas dos cortes de gastos nas escolas. Em Spokane, Washington, o distrito escolar cortou as horas de seus bibliotecários em 2007, provocando a revolta dos pais. Mais de 90% das escolas públicas americanas têm bibliotecas, segundo estatísticas federais, mas menos de dois terços empregam bibliotecários formados em tempo integral. Lisa Layera Brunkan, mãe de três filhos em Spokane, disse que reconheceu a importância da bibliotecária escolar quando sua filha, na época com sete anos, começou a demonstrar um projeto em PowerPoint. "Ela disse: 'A bibliotecária me ensinou'", lembrou Brunkan. "Fiquei surpresa." Na escola 225, Rosalia enfrenta desafios especiais. Mais de 40% dos alunos são imigrantes recentes. As barreiras linguísticas a obrigam a moldar sua coleção de livros para leitores que podem estar na sétima série, mas ainda leem em um nível de segunda série. Rosalia se apresentou para seus novos colegas como a "professora de alfabetização informática" e convidou os professores a colaborar nas aulas. As primeiras sessões se concentraram em encontrar livros e bancos de dados e em técnicas básicas de pesquisa. Logo Rosalia avançou para aulas sobre como fazer perguntas mais sofisticadas durante projetos de pesquisa, como decodificar os endereços na internet e como avaliar os autores e as tendências do conteúdo de um site. Nem todos os esforços de Rosalia envolvem tecnologia. Recentemente, Gagik Sargsyan, 13, entrou na biblioteca e abriu um laptop para pesquisar para um trabalho de estudos sociais sobre as décadas de 1930 e 40. "Você já procurou em algum livro?", perguntou Rosalia. Uma expressão de terror dominou o rosto de Sargsyan. "Não", ele disse. Rosalia foi até uma prateleira e voltou com uma pilha de livros sobre o edifício Empire State, a moda nos anos 1930 e a vida durante a Grande Depressão. Mas ela entende a atração da internet. Falando no ano passado para uma classe de uma dúzia de alunos da sétima série que emigraram recentemente de Rússia, Geórgia, China e Iêmen, Rosália se esforçou para se comunicar. "Temos jornais em todas as suas línguas", disse. E virou-se para o quadro-branco digital. Quando ela clicou na página inicial do "Izvestia", jornal de Moscou, os russos do grupo aplaudiram. "Alguém gosta de livros?", perguntou Rosalia. Vários alunos olharam para o espaço. Então Rosalia abriu o site da revista "Teen People" e Katsiaryna Dziatlouskaya, 13, imediatamente reconheceu uma foto da atriz Cameron Diaz. Rosalia sabia que tinha feito contato. "Vocês podem ler revistas, jornais, ver fotos, programas de computador, websites", disse Rosalia. "Podem fazer o que quiserem, mas têm de ler. Estamos combinados?" Leia no original

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