terça-feira, 28 de maio de 2013

Geração Tô nem aí

Trabalho na área educacional desde 1991. Pôxa! Já faz um tempinho não? Sempre em biblioteca. Gosto desse ambiente e da frequência dos alunos. O convívio com eles tem seu lado bem agradável.
Mas confesso aqui que como tudo na vida também tem seu lado B.
E esse lado B tem me feito pouco a pouco perder o gosto, o prazer em continuar trabalhando com educação.
Sei que em parte, os jovens são as maiores vítimas. Tanto do lado familiar que a cada dia que passa perde seus valores, quanto do sistema que "finge" que ensina, que forma. Resultado disso, uma juventude que chega aos bancos universitários de forma bem deficiente. Lêm mal, a maioria não sabe interpretar um texto, não tem capacidade de focar a atenção em nada, são crus de informação e formação cultural e o pior: falta o básico para a vida em sociedade que é uma simples palavrinha mas que faz todo um diferencial no dia a dia: Respeito!
Respeito aos outros e isso inclui todos. Do seu núcleo familiar, passando pelo porteiro de seu prédio, estendendo aos que circulam por ele nas vias públicas, adentrando seu colégio. Seja ele público ou privado. A falta de respeito é um problema de ordem social muito grave que afeta a todas as classes sociais.
Seja o menino de periferia que vindo de família não convencional, cresce feito erva daninha passando mais tempo na rua do que em casa ao lado de país amorosos. Muitas vezes, vítimas de maus tratos, torna-se um espírito árido e por conta disso, derrama sua raiva e revolta na escola entre seus colegas de classe, professores e demais funcionários.
Já o jovem de classe mais abastada que muitos chamam de "privilegiada", apesar de um berço farto materialmente falando, muitas vezes não recebe o principal: atenção, carinho, orientação. Os pais sempre ocupados com suas próprias vidas pessoais e profissionais, nunca tem tempo para dedicar aos filhos que, da mesma forma que o garoto de periferia, cresce igualmente sem podas, sem moldagens, sem forma.
Totalmente sem limites! 
E assim passamos a conviver com jovens bem alimentados, bem vestidos, saudáveis mas no dia a dia, insuportáveis.
A arrogância que impera nesses coraçõezinhos repletos de empáfia, chega a assustar pessoas mais conscientes. Não respeitam nada que vá contra suas vontades. Vomita sua falta de educação por onde passa. É na lanchonete cara que frequentam, nos shoppings, clubes, colégios em que estudam.
Olham-nos com total desprezo ou, simplesmente não nos enxergam. Não somos nada além de pó no universo para essa juventude equivocada.
E ouse chamar a atenção para ver o que acontece! O mais triste é que se os pais ficam sabendo disso tomam de imediato o partido de seus filhos queridos. Não importa que eles estejam errados. Sempre estarão com a razão afinal, pagam uma mensalidade bem gorda todo mês para não terem problemas.
Resumo dessa opereta mal escrita: estamos (DE)formando jovens e cavando uma sociedade cada vez mais capenga em seus valores. O que será de nossa nação daqui algumas décadas? Nas mãos de quem ela estará? E a educação cada dia pior! Sem estrutura pedagógica eficiente, sem pedagogos bem formados e informados e claro, bem remunerados para formar futuras gerações. E gerações (MAL) formadas não sabendo para onde seguir, o que fazer a não ser se paralisar e chorar porque não conseguem bons empregos e colocações de destaque. É o que já vemos cotidianamente: jovens da periferia sentindo-se injustiçados e matando e roubando os que têm. Jovens de classe média alta também roubando e matando pelo puro e simples prazer de sentir a adrenalina percorrer suas veias tão carentes de um rumo mais certeiro na vida. Confesso que após todos esses anos dedicados a educação, ando um pouco descrente e sem mais aquele prazer que tinha quando iniciei minha carreira de bibliotecária escolar. Muito difícil quando perdemos o brilho do que fazemos e deixamos de acreditar. Nunca fui pessimista mas diante desse quadro social doente em que vivemos, não consigo ver muitas melhorias. Pode até ser que um dia isso aconteça mas, não viverei para presenciar.

6 comentários:

Clara Lúcia disse...

Tem toda a razão, Roseli.
Eu não vejo solução por pura e simplesmente o problema ser de berço. Os pais colocam os filhos no mundo e acham que eles vão se criar sozinhos, que vão aprender sozinhos, que vão ter educação sozinhos. E esses pais, no passado, foram aqueles (claro que nem todos) da geração sexo, droga e rock, e onde o mundo ficou infestado daqueles psicólogos frustrados que inventaram que tinham que deixar a criança livre, pra ter suas escolhas e não traumatizar. Daí juntou o governo que aproveitou a deixa e passou a focar só em números, estatísticas e o ensino que se f*****
Deu no que deu.
Tenho medo do que será deles na maturidade e tbm dos filhos deles.
Pelo menos minha parte eu faço. Como tem que ser, como aprendi.

Beijos

Nesse mundo como está a gente aprende a ser egoísta e não mais se importar com o coletivo. Triste isso.

Roseli Venancio Pedroso disse...

Me preocupo muito pois conheço vários "filhos postiços", alunos que estudaram aqui e que acham-se perdidos agora na fase adulta. Não foram preparados de fato para a vida. E o tempo, nós sabemos o quanto é implacável. Não pára, não perdoa. Ficou no caminho, a fila passa mesmo. Obrigada pela visita e comentário. Bjs

Pedrita disse...

eu me incomodo muito com a falta de informação das pessoas. me assusto qd uma notícia enaltece um adolescente que antes mesmo de terminar o estudo já passou no vestibular. como se decorar o q o vestibular vai dar mostra que aprendeu. a maioria está fechada no seu casulo e lá fazem o q querem e qd vão a sociedade não sabem se comportar. ontem em uma entrevista para o josé wilker, a renata sorrah perguntava onde estavam os ricos. ela fez espetáculo que filas dobravam o quarteirão, mas as socialites q ela conheciam nunca iam e ela perguntavam, onde estão os ricos? eu penso q fechados em seus casulos e por isso não sabem se comportar qd vão em lugares com mais gente. sem cultura fica difícil compreender a vida e saber viver em sociedade.

Roseli Venancio Pedroso disse...

Me preocupo também Pedrita pois dinheiro não é tudo e nem compra tudo. Por exemplo boa educação, etiqueta, respeito, cultura são coisas que você vai formando sua bagagem ao longo de sua vida. Triste realidade a nossa. Obrigada pela visita e comentário. Bjs

Heidi Gisele Borges disse...

É o que eu disse no Facebook: Aprendi a chamar o professor de "senhor", e não vejo isso hoje, e não faz taaaaanto tempo que saí da escola. Isso tudo me causa muito medo, dizem que os jovens são o nosso futuro, tenho horror a pensar nesse futuro...

Há alguns anos eu dizia que alguns pais estão tendo filhos somente para a sociedade: casou, tem que ter filhos. Mas não há estrutura, os pais precisam deixar os filhos em creches, que sabemos que não têm muitos cuidados, e as crianças aprendem o que não devem, e os pais não têm tempo para perceber isso.

Infelizmente nós estamos vivendo uma época sem volta. Não tem como reestruturar a vida de muitos desses jovens. Eles serão nossos políticos - cada vez piores.

E vejo muitos professores dizendo o que você escreveu, que desistiram, ou querem fazer.

Nosso futuro vai ser triste e está começando...

Roseli Venancio Pedroso disse...

Tem razão Celly, é preocupante essa situação e também não tenho bons olhos para o futuro. Bjs