segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dia Internacional da Alfabetização 2008













(Trecho retirado do site da UNESCO)
Comemora-se hoje O Dia Internacional da Alfabetização 2008, celebrado em 8 de setembro, sinaliza a importante relação entre a alfabetização e a saúde. Este é o tema para o biênio 2007-2008 da Década das Nações Unidas para a Alfabetização.
A UNESCO e seus parceiros enfatizam o quanto a alfabetização é significante para sociedades saudáveis, com ênfase maior nas epidemias e doenças contagiosas como a Aids, tuberculose e malária. Estes são umas das principais preocupações da saúde pública mundial. O tema do Dia Internacional da Alfabetização para o ano de 2008 é “A alfabetização é o melhor remédio”.
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Um tema tão importante e, infelizmente tão presente ainda não só entre nós brasileiros mas em todo o mundo. É algo que para nós que somos alfabetizados, que temos nosso "canudo", que temos profissão reconhecida e uma vida regrada e inserida no mundo das letras algo inimaginável. Contudo, a realidade aí fora se mostra bem diferente. No caso do Brasil, comunidades inteiras, adultos que em pleno século XXI são incapazes de reconhecer as letras do alfabeto e que mal sabem escrever seus nomes num garrancho quase que ilegível. Quando se chega a nós os dados estatísticos de que cerca de 75 milhões de crianças no mundo inteiro se encontram fora das escolas e que 774 milhões de jovens e adultos são analfabetos, isso me causa arrepios e uma indignação sem fim. Afinal, uma vez que vivemos num mundo cercado pela informação e que essa informação na sua grande maioria se encontra no formato escrito, seja ela nos jornais, revistas, livros e internet, mostra-nos uma realidade que impede esses milhões de seres analfabetos de conquistar uma vida decente e digna. Sem ler nem escrever não conseguirão trabalho qualificado. Não tendo um trabalho qualificado com certeza não terão moradia, vestimentos, bens materiais como alimento, medicação e isso, fatalmente desenboca na qualidade de vida comprometida levando o indivíduo a doenças que podem se tornar fatais. Portanto, educação e saúde andam paralelas uma se apoiando na outra. Agora eu pergunto: é justo em pleno século XXI termos ainda pessoas nessas condições?
No caso do Brasil, eu que sempre apostei na educação, que sempre me empenhei em estudar, me sacrificando para pagar meus estudos pois todos eles foram pagos com excessão do ensino fundamental que foi público fico revoltada com a qualidade do ensino em todo o país que descambou de forma tão drástica. Trabalhando na área educacional desde 1991, observo que ocorre uma paralisia em toda a sociedade brasileira com relação a qualidade da educação.
As escolas fecham os olhos para várias questões no quesito qualidade se atendo apenas em "aparentar" uma modernidade apostando na tecnologia dentro das salas de aula esquecendo-se do principal que é o ser humano que ali está se formando ano após ano. Por outro lado, os professores (e aqui deixo bem claro que não estou generalizando pois ainda contamos com ótimos educadores que lutam incessantemente por uma formação de qualidade) apáticos, desmotivados, muitos sem princípios nem ética, que vão dia-após dia na escola em que lecionam apenas fazendo um discurso mofado, sem fundamento, obsoleto e desatualizado. Do outro lado, alunos que já vêm de casa mal nutridos, vindos de uma rede familiar desequilibrada, sentando-se em carteiras duras numa sala de aula sem nenhum atrativo e passam um período inteiro "bombardeados" por informações mal passadas por um ser que se diz "professor" irritado, mal informado e sem nenhuma didática inovadora que possa despertar nesse aluno a curiosidade pelo conhecimento. Um outro lado ainda nos mostra um núcleo familiar onde pais sobrecarregados em trabalhos muitas vezes estressantes, não têm tempo, nem paciência, muito menos interesse em se mostrar sensibilizados pelo formação de seus filhos de forma completa. Trazem em suas consciências mal formadas a noção de que já fazem muito em pagar uma escola cara para a formação de seus filhos logo, o problema não é deles e sim da escola que deve arcar com toda a responsabilidade da educação e formação de seus filhos. Com relação aos valores morais então, pra que se preocupar com isso? Não vale nada nos dias de hoje mesmo então, que esses jovens aprendam com os exemplos a seu redor a saber utilizar de toda forma de "jeitinhos" para conseguirem o que quiser futuramente. Com todo esse painel lamentável que tracei, me vem a lembrança o título de um livro da área educacional que vi há alguns anos atrás e que seu título muito me chamou atenção. Reflete uma ironia que contudo, expressa a nossa realidade: Se você finje que ensina, eu finjo que aprendo", de Hamilton Werneck .

Passado alguns anos desde o lançamento desse livro (2002), vemos que a situação não mudou nada e que em alguns aspectos até piorou. Tenho cá comigo que a responsabilidade da mudança desse quadro está nas mãos não somente do governo como muitos dizem, mas em toda a sociedade brasileira que precisa mudar seu modo de enxergar as coisas. A mudança deve ocorrer na mentalidade, na consciência de que a educação vai muito além das fronteiras dos muros da escola. É algo complexo que passa inicialmente por cada lar, por cada família e só depois é que passa aos cuidados e responsabilidade da escola incluindo ai todo o grupo docente, toda a equipe administrativa. A proposta de uma boa educação está no empenho de todos família, escola e todos que trabalham direta ou indiretamente na formação das crianças e jovens. Logo, todos devem falar uma única linguagem afinal se os pais querem uma coisa e as escolas oferecem outra e ninguém busca um entendimento, o maior prejudicado sem dúvida será o estudante que não saberá pra que lado deve pender. Apesar de termos um presidente que chegou onde chegou sendo praticamente um analfabeto, isso jamais deve servir de exemplo ou estímulo para esses jovens que ainda nem ingressaram no mundo adulto mas que um dia serão o futuro de nosso país. Então? Qual a imagem que você faz ou quer ter de um futuro em nosso país? Um Brasil decadente repleto de analfabetos ou semi-analfabetos que serão incapazes de ter um senso crítico de suas próprias vidas seguindo sem rumo, nem planejamento ou pessoas totalmente alfabetizadas, donas de um poder de pensar, bem posicionadas em suas profissões, tendo uma qualidade de vida digna e em condições de proporcionar um futuro ainda melhor a seus filhos? Pense bem nisso e mude já seu conceito sobre educação.
O país precisa urgentemente dessa mudança.

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