Temos constantemente discutido sobre a crise na educação do país e a leitura (ou a falta dela) em nossa sociedade é um grave problema uma vez que isso interfere diretamente na vida adulta e na formação dos profissionais. Alfabetizar mas não desenvolver a interpretação de textos é algo que se tornou comum nas últimas gerações formadas em nossas escolas. As universidades estão lotadas de jovens com sérios problemas de interpretação de textos. Pessoas que não conseguem sequer, compreender uma simples conta de água, ou uma reportagem no jornal é algo que nos leva a refletir e muito sobre o que podemos fazer para reverter esse quadro atual. Na minha opinião, todos nós temos responsabilidades na formação de todas as crianças e jovens que convivem conosco. Como bibliotecária escolar, fico aflita ao observar a biblioteca em que trabalho vazia, os livros parados nas estantes acumulando pó e sem ninguém para estimular o uso e o desenvolvimento de atividades culturais com todo esse material que se encontra a disposição de todos e, no entanto, intacto sem despertar o interesse nem mesmo dos professores e coordenadores do colégio. Me sinto na obrigação de fazer algo para mudar esse quadro mas, ao mesmo tempo, sinto-me acorrentada sem poder me mover pois a área pedagógica se sente totalmente desligada da biblioteca não tendo por ela nenhum apreço nem consideração em nosso trabalho que pode ser tão útil tanto aos professores quanto aos alunos. Não quero fazer aqui uma crítica a classe pedagógica mas, apenas uma constatação dessa realidade: os próprios professores são totalmente afastados da leitura de livros e periódicos. Alegam que não têm tempo disponível para irem a biblioteca. Mas...o que fazem em suas "janelas" entre uma aula e outra? Muitos ficam nas salas dos professores descansando, papeando, fazendo a unha (pois não tiveram tempos de irem a manicure), mas jamais se lembram de dar uma chegada a biblioteca para verem o que há de novo, ou simplesmente pesquisarem material para um novo trabalho para desenvolverem com seus alunos. Todos se encontram naquela situação: "Nós fingimos que ensinamos, os alunos fingem que aprendem e todos saem no lucro"(saem? será?). Vejam abaixo algumas notas que tenho lido recentemente. Simplesmente lamentável.
Choque cultural
Notícia retirada do clipping PublishNews
O Globo - 23/03/2008 - por Fellipe Awi
Considere-se privilegiado o leitor que, ano passado, foi ao cinema, ao teatro, a um show de música, a uma exposição de arte ou simplesmente leu um livro em casa. No Brasil, ele pertence a uma minoria. Mais da metade dos brasileiros não realizou sequer uma dessas atividades em 2007. É o que mostra pesquisa encomendada pelo Sistema FecomércioRJ. Do total de entrevistados, 69% disseram, por exemplo, que não leram nenhum livro ano passado. A falta de hábito foi o motivo alegado por 58% dos entrevistados das classes D e E, apenas 1% a menos que os das classes A e B. Apontado por muita gente como o maior vilão dos consumidores de cultura, o preço dos ingressos ou dos livros perdeu de longe para dois problemas ainda mais preocupantes, uma vez que demandam mais tempo para serem solucionados: a falta de hábito e o desinteresse. >> Leia mais
Um em cada cinco graduados italianos não sabe ler
Notícia retirada do mural da Revista Ensino Superior, nº114, Março de 2008
Um em cada cinco graduados italianos com formação superior não é capaz de decifrar uma simples escrita de uma página, como a bula de um remédio ou um manual de instruções de um eletrodoméstico, segundo pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) da União Européia, publicada pelo jornal La Repubblica no início de fevereiro. Um lingüísta ouvido pela reportagem, Luca Serianni, da Universidade Roma 3, conta que "suou frio" ao constatar a incapacidade lingüística desses profissionais, que o jornal italiano chama de "doutores analfabetos". "Um médico que não sabe manejar a palavra é um médico que não lê, portanto, talvez nem saiba manejar uma broca de dentista", disse Serianni. A reportagem se aprofunda sobre os hábitos de leitura dos profissionais italianos graduados e apresenta um panorama que o jornal chama de "doutores analfabetos" baseada em pesquisa do Istat, o instituto nacional de estatística. Quase 7% dos graduados já não lêem mais, 6,5% o fazem apenas por motivos profissionais. Já quase três em cada quatro graduados dizem que não frequentam mais nenhuma biblioteca. A principal desculpa para não ler é a falta de tempo (49,3%), enquanto (21,7%) dizem que ler é "chato" e (20,1%) dizem que preferem realizar outras atividades de lazer. Hoje, a Itália tem 8,2% de sua população com diploma superior, contra a média de 15% de outros países membros da OCDE.
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